Robert Francis Prevost foi anunciado na tarde desta quinta-feira (8); ele nasceu nos EUA e tem também cidadania peruana.
Especialista diz que escolha traz impactos significativos 'considerando sua trajetória pessoal e pastoral'.
Papa Leão XIV: "a paz esteja com todos vocês" Robert Francis Prevost é o novo papa e escolheu o nome Leão XIV para liderar a Igreja Católica.
Nascido nos Estados Unidos, ele também tem cidadania peruana, adquirida após anos de missão no país onde foi nomeado bispo em 2015. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp. Com 69 anos, é agostiniano, considerado progressista, e próximo de Francisco.
Anunciado nesta quinta-feira (8), em seu primeiro discurso ele falou de paz e defendeu uma Igreja Católica missionária (veja vídeo acima). Para Dom Ricardo Hoepers, secretário-geral da CNBB, levando em consideração o discurso e a escolha do nome, o papa Leão XIV deve seguir a doutrina social, contrária às guerras e com foco na paz (saiba mais abaixo). "São mais de 80 conflitos no mundo [...].
Ao dizer que a paz esteja com vocês ele nos mostra que é preciso retomar essa doutrina social da Igreja", diz Dom Ricardo Hoepers. Para o doutor em ciências da religião e professor do curso de teologia da Universidade Católica de Brasília (UCB) Vicente Paulo Alves, a eleição de Leão XIV é uma escolha estratégica e simbólica para a América Latina.
"Seu perfil missionário, experiência intercultural e liderança prudente o tornam um elo promissor entre a tradição e a renovação, com especial impacto no continente latino-americano e no Brasil", diz o especialista. De acordo com o pesquisador, especialmente considerando a trajetória pessoal e pastoral do novo papa, os principais efeitos são: 1) Fortalecimento do diálogo com a América Latina Leão XIV tem vínculos profundos com a América Latina, especialmente com o Peru, onde foi missionário por quase três décadas, naturalizou-se cidadão peruano, atuou como bispo de Chiclayo e administrador de Callao [duas cidades peruanas].
"Isso poderá reforçar o protagonismo da América Latina dentro da Igreja global, com possível valorização de lideranças locais, culturas populares e da teologia latino-americana", diz o pesquisador. 2) Continuidade e moderação na linha reformista de Francisco Prevost é considerado moderado e conciliador, com forte capacidade de diálogo e alinhado à visão de Francisco, especialmente nas questões de sinodalidade — a busca de uma Igreja mais participativa —, ecologia, opção pelos pobres e reformas da cúria, segundo o professor de teologia. "Isso indica continuidade nos processos sinodais, como a escuta das comunidades e o fortalecimento das conferências episcopais, algo particularmente valorizado no Brasil e na América Latina", aponta Vicente Paulo Alves. 3) Potencial valorização da espiritualidade agostiniana "Como membro da Ordem de Santo Agostinho, sua liderança pode promover uma espiritualidade centrada na interioridade, na comunidade e na busca da verdade, e pode valorizar o papel das ordens religiosas na missão pastoral e evangelizadora, inclusive em regiões periféricas e com carências sociais", diz o professor. 4) Reformas e nomeações episcopais mais sensíveis às realidades locais De acordo com o doutor em ciências da religião, como ex-prefeito do Dicastério para os Bispos, Prevost já esteve envolvido na escolha de bispos no mundo todo. "Espera-se que, como papa, continue promovendo perfis episcopais pastorais e próximos ao povo, em sintonia com o estilo de Francisco.
Escolhas no Brasil e na América Latina poderão refletir uma visão pastoral, missionária e comprometida com justiça social". 5) Fortalecimento das questões sociais e dos direitos humanos Para o pesquisador, a atuação de Robert Prevost no Peru, e sua formação em Direito Canônico indicam sensibilidade às questões de justiça e estrutura eclesial, e de inclusão dos mais vulneráveis. "Isso pode impulsionar a voz profética da Igreja Latino-Americana nas áreas de meio ambiente, povos originários, desigualdade e migração, temas centrais para o Brasil." 'Conhece as periferias geográficas e existenciais do mundo', diz CNBB sobre Leão XIV Papa Leão XIV acena ao público em sua primeira aparição no Vaticano Guglielmo Mangiapane/Reuters De acordo com Dom Ricardo Hoepers, secretário-geral da CNBB, o papa Leão XIV, além de seguir a doutrina social com foco na paz, o novo pontífice deve dar atenção aos pobres e vulneráveis. Além disso, por conta do trabalho de Prevost no Peru, Dom Ricardo diz que o papa conhece as periferias geográficas e existenciais do mundo, além de ter um perfil pacificador. "É um pacificador, alguém que vai buscar o diálogo.
Ele é um homem que escuta, que está atento ao que se diz", diz Dom Ricardo Hoepers. 'Ganhamos um grande presente' CNBB fala sobre novo papa Leão XIV e impactos na Igreja Católica do Brasil Em relação ao Brasil, o secretário-geral da CNBB destaca que o novo papa tem um carinho e um amor muito grande pelo país.
"Ganhamos um grande presente: o papa Leão XIV conhece o Brasil", aponta.
O secretário-geral diz ainda que tem esperança de uma nova visita do papa ao Brasil, que esteve no país em 2012 e 2013 como prior geral dos Agostinianos.
"O Papa Leão XIV está aberto a este mundo, viajar, levar a igreja aos rincões.
É um papa jovem, que tem saúde, não nos falta esperanças que ele venha ao Brasil.
Com certeza as viagens fazem parte do papado", diz.
Dom Ricardo Hoepers destaca que o papa teve um papel de pastor em sua atuação na América Latina, quando atuou no Peru. "Ele pastoreou um povo, saudou esse povo com muito carinho e expressou um sentimento de amor por esse povo", diz.
Para o religioso, o papa destacou em seu discurso que a Igreja deve estar aberta para todas as nações quando afirmou "não podemos nos fechar nos nossos muros, temos que ser missionários". Papa Leão XIV faz o seu 1º discurso no Vaticano após o conclave; veja integra LEIA TAMBÉM: LEÃO XIV: Novo papa esteve no Brasil duas vezes e tinha viagem marcada para 2025 VEJA FOTOS: Leão XIV esteve no Brasil em 2012 e 2013 Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.