STF determinou atualização das bancadas sem crescimento do número de parlamentares, mas deputados costuram saída para evitar queda na representação.
Relator propôs aumento para 531 deputados.
A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (6) um requerimento de urgência para o projeto que pretende aumentar o número de deputados federais. 🔎A aprovação do pedido de urgência dispensa a passagem da proposta pelas comissões temáticas da Casa e permite que o texto seja votado diretamente em plenário, ou seja, agiliza a tramitação. A Constituição diz que a representação na Câmara deve ser proporcional à população de cada estado. Além disso, uma lei de 1993 que disciplina o número de deputados estabelece que o número de parlamentares não pode ser superior a 513 e que a proporcionalidade deve ser garantida no ano anterior à eleição.
Nas eleições de 1994, o número de deputados foi determinado com base na população de 1985.
📌Desde aquele ano, no entanto, o número de deputados nunca foi atualizado, mesmo com novos censos populacionais que indicam o aumento da população de alguns estados.
O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou em 2023 que fosse feita essa atualização.
O prazo acaba em 30 de junho.
Por isso, o Congresso corre para definir a questão.
Depois da Câmara, o projeto ainda precisa passar pelo Senado. STF determina que Congresso atualize número de deputados por estado na Câmara O que pode mudar na Câmara, segundo decisão do STF A decisão do STF de 2023 estabelece que a Câmara seguirá tendo 513 deputados.
Mas os estados estariam sujeitos a uma readequação de tamanho para atender às variações populacionais identificadas pelo último Censo.
Sete estados — entre eles, o do presidente da Câmara — poderiam perder cadeiras: Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Outros setes, ganhariam: Amazonas, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará e Santa Catarina.
Ao final do processo de redistribuição, 14 cadeiras seriam impactadas. O que pode mudar na Câmara, segundo acordo A tentativa de acordo encabeçada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), prevê que nenhum estado sofrerá perda de cadeira — este entendimento está presente no projeto que teve a urgência votada nesta segunda. Para que isso ocorra, o relator, Damião Feliciano (União-PB), sugeriu em relatório publicado na tarde desta terça (6) que o total de deputados seja ampliado de 513 para 531. Pelo modelo proposto, nove estados sofreriam mudanças positivas, que poderiam elevar entre uma e quatro cadeiras.
São eles: Amazonas: mais 2 cadeiras Ceará: mais 1 cadeira Goiás: mais 1 cadeira Minas Gerais: mais 1 cadeira Mato Grosso: mais 2 cadeiras Pará: mais 4 cadeiras Paraná: mais 1 cadeira Rio Grande do Norte: mais 2 cadeiras Santa Catarina: mais quatro cadeiras Segundo o parecer, a nova distribuição passaria a valer já para as eleições de 2026. Efeito cascata O tamanho das bancadas na Câmara influenciará também na composição de cada assembleia legislativa dos estados.
A Constituição define o número de deputados estaduais com relação às bancadas federais.
Atualmente, o Brasil tem 1.059 deputados estaduais.
O "efeito cascata" pode ter duas saídas: uma, caso o Congresso siga a determinação do STF; e outra, caso o acordo de Hugo Motta prevaleça.
No primeiro cenário, caso a determinação do STF seja cumprida, haveria redução no total de deputados estaduais.
Seriam 1.055 parlamentares nas assembleias.
Já no segundo, com o aumento de cadeiras na Câmara, também haveria crescimento no total de deputados estaduais.
Passariam de 1.059 para 1.079. TSE tentou mudar Em 1997, o TSE chegou a discutir a atualização das bancadas, mas não aplicou a lei para 1998, com base nas disposições transitórias da Constituição, que assegurava a irredutibilidade da atual representação dos estados. A Corte voltou ao tema em 2013 sob a presidência da ministra Cármen Lúcia, em um processo da relatoria da ministra Nancy Andrighi.
Uma resolução foi publicada em 9 de abril de 2013 com a atualização das bancadas via Justiça Eleitoral.
O Congresso reagiu pouco depois.
Um decreto legislativo de dezembro do mesmo ano suspendeu os efeitos da resolução do TSE, decisão que seria confirmada posteriormente pelo STF. Em julho de 2014, o Supremo decidiu ser inconstitucional o parágrafo da lei que delegava ao TSE o poder de atualizar as bancadas por critérios próprios, e por consequência, a resolução da Corte Eleitoral. O STF determinou que cabe ao “Legislador Complementar” definir o critério de distribuição do número de deputados e que seria “inviável transferir a escolha de tal critério, que necessariamente envolve juízo de valor, ao Tribunal Superior Eleitoral ou a outro órgão”. A decisão foi tomada em uma ação apresentada pelo então governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, um dos estados que perderia representantes, segundo a atualização publicada pelo TSE.
O estado que hoje elege 10 deputados, elegeria 9.
Ação foi julgada em conjunto com outras sobre o mesmo tema.
O governador alegou que compete ao Congresso e não a um órgão do Poder Judiciário a atualização das bancadas, por respeito ao princípio da separação de poderes.